Postagens

O crime do cais do valongo segundo Mônica Ozónio

Achei o livro simples, sem grandes pretensões de ser um marco na escrita sobre a negritude e a escravidão no Brasil. Para mim foi mais como uma forma de homenagear e nos lembrar a importância de um dos cais (ou cases) mais tristes do Brasil (mas não o único, claro), que simboliza uma era de grande vergonha para os brasileiros (e portugueses). Nosso país foi extremamente retardatário para a abolição dos escravos.  Eu não acredito na bondade humana em relação a isso, no entanto. Nem mesmo na boa fé dos ingleses. A moeda, o ouro, sempre fala mais alto. E se o mal muitas vezes ocorre por ganância, o bem também é feito muitas vezes como "interesse público e humanitário", disfarçando que na realidade a transformação se dá porque há ganhos que suplantam o regime anterior. Podem me achar cínica. Todavia, sei que há o joio e o trigo. Sei que sempre tem alguém que realmente traz algum ideal mais puro no meio dos que se dizem revolucionários, quando na verdade visam novos lucros. A Hist

Um rio chamado tempo, uma casa chamada Terra: Vânia Damasco

 Luar do chão ensina: Morrer é uma sina! Quem por ela se deixar ir  Acolhe a iluminação do por vir  Com sorte, pelo tempo fluir A morte é também um nascer Mas muitos não sabendo morrer Caem num sono de agouros Exarcado de lutos malfeitos... É gente que resiste a vida  Gente agarrada em medidas... Busca acerto de contas infinitas Assombrados de dívidas simbólicas Num vai e vem que não vai rumina  Regurgita e engole a sofrencia A sombra da morte recai no sujeito  É água parada, vida que não anda... Um danado se repete ad eternum  Um rococó que busco entender  Talvez seja preciso recuar passadas Dar três passos para traz e outros... num impulso ultrapassar o limite  Na agonia puxei um fôlego de luz Nadei contra a correnteza... Pior que cabeça d'água, um dilúvio Virou um pesadelo de tristezas Quase fugi daquela dureza! Um devaneio infinito de vida-morte Vi-me sendo cuspida para fora dali Enfim, a dignidade me fez retornar.  O mal morrido requer luz, brisa para esvoassar e passar  As me

Rita Magnago

Terminei a releitura de Um rio chamado... Fiz o poeminha abaixo. Na madrugada insone, acordo irrealidades.  Vejo terra sem casa, um imenso horizonte,  rio enorme como o mar.  Nada de mão de homem ou de mulher.  O rio apenas, correndo sempre, águas devidas, de vidas.  A terra apenas, toda semente, promessa de frutos eternos.

Livro preferido lido no CLIc em 2022

Imagem
Está com problemas para ver ou enviar este formulário? Preencher no Formulários Google Este é um convite para você preencher o formulário: Livro preferido lido no CLIc em 2022 Qual foi tua leitura preferida no ano? E-mail * Pergunta sem título * Fevereiro - Guerra e Paz: Liev Tolstói Março - O nome da rosa: Umberto Eco Abril - Torto arado: Itamar Vieira Júnior Maio - Stoner: John Williams Junho - Judas: Amós Oz Julho - No caminho de Swann: Marcel Proust Agosto - Minha história: Michelle Obama Setembro - Pachinko: Min Jee Lee Outubro - Cisnes selvagens - três filhas da China: Jung Chang Novembro - Intérprete de males: Jhumpa Lahiri Dezembro - Tudo é rio: Carla Madeira Powered by Este conteúdo não foi criado nem aprovado pelo Google. Denunciar abuso - Termos de Serviço - Termos Adicionais Crie seu próprio formulário do Google.

Sobre “Bondade”, de Benito Petraglia: Mônica Ozório

 (Prêmio off Flipp 2022): Adorei sua crônica sobre a bondade, Benito. Mas no mais das vezes, acho que fazemos o bem porque queremos aprovação, queremos ser amados e aprovados. Nunca damos nada de graça realmente. Há muito penso isso. Até digo para quem acredita em Deus: Ele não dá nada de graça. Ele quer amor, adoração, fervor, submissão. Ele não sofre de culpa. Ele sofre de solidão e carência. Aliás, se não fosse a Igreja Católica (e agora a evangélica), Deus não existiria mais. Eles são os maiores especialistas em marketing de todos os tempos e de todos os continentes. Você pode ver isso pela morte dos Deuses gregos e romanos. Marketing péssimo (ok, ok, ok; sei que a ciência, graças "à Deus" influiu nisso). Enfim, acho que o desejo de ser amado, aceito, querido, supera a culpa quando damos algo, como você coloca sabiamente, e é quando ajudamos ao "próximo" (muitos o fazem nessa esperança de conseguir perdão ou um alqueire no "reino dos céus"). Mas concor

Postagem pós "Cisnes selvagens": Monica Ozório

Oi pessoal. Obrigada pela paciência com Cisnes Selvagens. Vi que muita gente passou mal com a crueza da vida na China, e mesmo assim fez o "máximo para ler o máximo" que podia do livro (me senti honrada). Desculpem a indicação. Estou tão acostumada com romances históricos e a consequente visitação à dureza e mesquinhez humana, que nem pensei que seria pesado demais para o grupo. Mas foi muito legal ouvir vocês e lembrar do que li tantos anos atrás.  De tudo que já li, vejo que a cultura pode ser diferente, mas a maldade humana é igual. Basta ler Defeito de Cor. Brasil. Escravidão. Li há tão pouco tempo com Eloísa e ainda considero um livro como Cisnes. Não é o mais pesado que já li. Juro. Considero livros medianos.  Ontem mesmo, no restaurado antigo prédio da câmara municipal de Paty de Alferes, tive que segurar o choro quando o nosso guia contava a história de uma das maiores fugas de escravos (antes mesmo do movimento de Zumbi) no E.RJ levantada pelos escravos Manoel Congo

A casa amarela: Mônica Ozório

A casa amarela: Descrição do livro Um livro de memórias brilhante, assustador e inesquecível. A Casa Amarela é um premiado romance biográfico sobre as gerações de uma família que viveram sob o mesmo teto em uma área negligenciada. Nem tudo é música em Nova Orleans, que foi devastada pelo Furacão Katrina. Dos escombros, restou a esperança de que o amor familiar pudesse reconstruir a dignidade submersa na catástrofe. Em uma narrativa sensível e ao mesmo tempo dinâmica e envolvente, a autora Sarah M. Broom toca em todas as rachaduras da casa onde cresceu junto a onze irmãos, expondo um universo marcado por desigualdades sociais, fatalidades e a vergonha internalizada de cada morador. Ao desnudar a vida de sua família, Sarah expõe a realidade das comunidades negras norte-americanas e das tragédias que marcaram o desenvolvimento de Nova Orleans, levando à compreensão de como o ecossistema urbano e as dores pessoais estão intimamente ligados. Reconhecido como um dos melhores livros do ano em

Minha história: Michelle Obama

Imagem
Ô, visual! 

Que eu seja a última: Mônica Ozório

Hoje terminei o livro "Que eu seja a última", de Nadia Murad, ganhadora do prêmio Nobel da Paz em 2018. No preambulo, sua advogada na luta para condenar os genocidas, torturadores e estupradores do grupo terrorista Isis (Estado Islâmico) diz: "Nadia foi uma entre as milhares de yazidis que foram levadas pelo ISIS e vendidas em mercados e através do Facebook, por vezes por quantias tão irrisórias como vinte dólares. A mãe de Nadia foi uma das oitenta mulheres mais velhas que foram executadas e enterradas em sepulturas anônimas. Seis dos seus irmãos estavam entre as centenas de homens assassinados num único dia. (...) nenhum membro da organização fora julgado em tribunal, em nenhuma parte do mundo, por estes crimes." Nadia e a advogada Amal Clooney (entre outros), batalharam incessantemente junto a organizações mundialmente importantes para modificar isso e levar os criminosos à justiça. "Ao longo do tempo, Nadia não só encontrou a sua própria voz como se tornou

Haicai de Melina

Imagem