Sobre “Bondade”, de Benito Petraglia: Mônica Ozório

 (Prêmio off Flipp 2022):

Adorei sua crônica sobre a bondade, Benito. Mas no mais das vezes, acho que fazemos o bem porque queremos aprovação, queremos ser amados e aprovados. Nunca damos nada de graça realmente. Há muito penso isso. Até digo para quem acredita em Deus: Ele não dá nada de graça. Ele quer amor, adoração, fervor, submissão. Ele não sofre de culpa. Ele sofre de solidão e carência.

Aliás, se não fosse a Igreja Católica (e agora a evangélica), Deus não existiria mais. Eles são os maiores especialistas em marketing de todos os tempos e de todos os continentes. Você pode ver isso pela morte dos Deuses gregos e romanos. Marketing péssimo (ok, ok, ok; sei que a ciência, graças "à Deus" influiu nisso).

Enfim, acho que o desejo de ser amado, aceito, querido, supera a culpa quando damos algo, como você coloca sabiamente, e é quando ajudamos ao "próximo" (muitos o fazem nessa esperança de conseguir perdão ou um alqueire no "reino dos céus"). Mas concordo contigo que em muitos casos, a culpa de "estar bem de vida", move a "doação" para quem tem fome, necessidades. Ou é a isenção no imposto de renda? Talvez, né?

Também acredito que algumas pessoas fogem à esse padrão e se doam porque sentem essa necessidade no âmago do seu ser, sem a culpa ou carência, ou necessidade de um pedacinho do Céu. São pessoas que nasceram com o dom do amor ao próximo, de tal forma que chegam a ser anônimos (também não creio no mesmo em relação à Madre Teresa, Benito. Ela era cruel. Queria adoração à ela e à Deus – havia uma cobrança para receber seu bem). No meio dessas pessoas especiais e raríssimas, tem outras imersas na culpa e na carência de aceitação. Mas também tem gente que dá por amor. São seres raros, e quem me lê, não pense rasamente que faz parte desse círculo. Seja mais humilde. Como eu tento ser.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O crime do cais do valongo segundo Mônica Ozónio

Um rio chamado tempo, uma casa chamada Terra: Vânia Damasco